Feiras de Troca
Esse é o princípio das feiras de troca, ou feiras da solidariedade, que têm se multiplicado Brasil – e mundo afora. “A escassez é um mito”, garantem os defensores dessa ideia. E a lógica é simples: tem algo sobrando? Compartilhe! Roupas, comida, serviços, e até talento e amor são itens que podem ser encontrados nas feiras do gênero.
A organização destes eventos acontece de forma livre e espontânea: qualquer um pode promovê-los – basta reunir um grupo de pessoas interessadas, levar o que puder ser compartilhado, conseguir um local e divulgar a iniciativa. Quem organiza confessa que o resultado é muito recompensador e quem participa garante que é uma atitude que vale para tudo na vida.
De forma geral, as feiras de troca podem ser consideradas espaços sugestivos para pessoas, instituições ou projetos mostrarem e trocarem seus objetos e experiências. Acredita-se que elas tenham surgido no Canadá, por volta dos anos 1980, baseadas em princípios da economia solidária: substituir o lucro, a acumulação e a competição pela solidariedade e pela cooperação; valorizar o trabalho, o saber e a criatividade humana e buscar um intercâmbio respeitoso com a natureza.
Aqui no Brasil, cidades como Rio e São Paulo já estão começando a se familiarizar com a iniciativa. O Instituto Vital Brazil, em parceria com lojas de construção, organiza uma feira em que moradores do Morro Vital Brazil trocam embalagens recicláveis por materiais de construção. Em São Paulo, o Cine Clube Socioambiental organiza uma feira para troca de objetos em bom estado, serviços, saberes e sabores. A Prefeitura da Cidade, por sua vez, promove feiras especiais para troca de livros e gibis. Outra iniciativa do gênero for promovida em 2012 pelo Instituto Alana: um projeto de promoção de feiras de troca de brinquedos por todo o país.
A Feira Grátis da Gratidão
No Rio de Janeiro, uma das feiras mais conhecidas é a Feira Grátis da Gratidão, que já está em sua décima edição. Iniciada pelo estudante Francisco Ottoni em dezembro de 2011, ela foi inspirada nas Gratifeiras Argentinas, que acontecem sempre aos domingos em Buenos Aires. A Feira da Gratidão acontece em média uma vez por mês, como explica Júlia Morse, co-organizadora. “Na verdade, tudo é decidido consensualmente, por votação, desde o local até a data”, conta. O último encontro foi no Méier e o próximo ainda não tem um local definido.
Qualquer pessoa pode participar tanto da decisão desses detalhes, através do grupo do Facebook, como da própria feira. Levar objetos para trocar não é a única forma de participar. A própria Júlia conheceu a iniciativa levando seu serviço de manicure para quem frequentasse o lugar. E se ainda assim, você continua sem saber o que ofertar, não tem problema. O importante é contribuir com gratidão, quem sabe divulgando o evento…?
Animou? Quer montar uma feira também?
Veja como você pode montar uma feira de trocas:
-
Reúna um grupo de amigos e/ou interessados na ideia. Combinem de levar bens e/ou serviços para trocar. Pode ser tudo: alimentos caseiros, roupas, livros, objetos usados e até mesmo aula de violão, corte de cabelo e coisas fora do mercado formal, como cuidar de uma animal de estimação ou fazer as compras.
-
Defina a data e o local. Pode ser o clube, o quintal de casa ou salão de festas do condomínio, e até um galpão alugado. O importante é que seja lugar acessível, seguro e iluminado. Lá, os participantes vão expor suas mercadorias como quiserem: em uma barraquinha de feira, em uma mesa, em uma toalha no chão etc.
-
Divulgue! Júlia dá a dica de que pode ser legal levar cangas e fazer cartazes que chamem a atenção de quem passa. Convidar amigos e conhecidos, compartilhar nas redes sociais e, no dia, chamar quem passa na rua são algumas das possibilidades.
Para se inspirar e conhecer um pouco mais sobre a Feira da Gratidão, você pode acessar o blog, que traz depoimentos de quem já visitou uma feira dessas! Para resumir, vale lembrar que o lema é participar, desapegar e repensar sua forma de consumir. O que não te serve mais pode ser muito útil para outra pessoa!